Nós, velhos de espírito jovem : risco e vigilância nos sentidos da velhice contemporânea

O artigo propõe discutir as imagens da velhice contemporânea a partir das relações entre vigilância, risco e governamentalidade. Trata-se de pensar, segundo uma perspectiva genealógica, como os atuais sentidos de ser velho estão entrelaçados ao regime de visibilidade contemporâneo. De fato, a “nov...

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Main Authors: Sanz, Cláudia Linhares, Pessoa, Mirella Ramos Costa
Format: Trabalho
Language: Português
Published: LAVITS 2020
Subjects:
Online Access: https://repositorio.unb.br/handle/10482/37861
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spelling ir-10482-378612020-05-26T13:03:57Z Nós, velhos de espírito jovem : risco e vigilância nos sentidos da velhice contemporânea Sanz, Cláudia Linhares Pessoa, Mirella Ramos Costa Vigilância Riscos Velhice Visibilidade Governamentalidade O artigo propõe discutir as imagens da velhice contemporânea a partir das relações entre vigilância, risco e governamentalidade. Trata-se de pensar, segundo uma perspectiva genealógica, como os atuais sentidos de ser velho estão entrelaçados ao regime de visibilidade contemporâneo. De fato, a “nova imagem da terceira idade” não é apenas matéria de anúncios de bancos, aplicativos de beleza, comerciais de seguro de saúde ou campanhas de medicamentos sexuais, para citar alguns. Na realidade, ao incorporar progressivamente os velhos no campo produtivo, o neoliberalismo faz circular imagens que servem tanto para conformar um tipo de velhice performática e empresarial quanto para ampliar seu acervo de dados informacionais. As redes atuais de vigilância se apropriam, assim, cada vez mais, também dos dados e perfis da velhice contemporânea: hábitos de alimentação, cuidados com a saúde, comportamentos de compra, práticas de poupança, rotinas de sono. Dados que alimentam circuitos informacionais, subsidiam projeções de perigos para a velhice e legitimam novos dispositivos de segurança. Mais que isso, convertidos em conhecimento, ancoram intervenções sobre indivíduos e populações e legitimam ou deslegitimam investimentos e reformas governamentais. São saberes que participam do enquadramento de certos tipos de velhice mais “adequados” às dinâmicas atuais e, assim, agem conduzindo condutas e comportamentos. Nessa rede de sentidos, os minuciosos procedimentos de vigilância – que já não se limitam exclusivamente a lugares confinados ou a populações específicas – também não se restringem à nossa atualidade. Paradoxalmente, vigiar a velhice é controlar, a partir de exames de antecipação e previsão, também riscos do porvir. Mantendo-se de pé e longe da bengala da dependência, física ou econômica, o velho contemporâneo é crescentemente solicitado – pelo menos nas narrativas hegemônicas do marketing – a ser independente, ativo e, sobretudo, capaz de gerenciar as perdas futuras que o tempo pode causar aos corpos e às finanças. 2020-05-26T13:03:57Z 2020-05-26T13:03:57Z 2019 Trabalho SANZ, Cláudia Linhares; PESSOA, Mirella Ramos Costa. Nós, velhos de espírito jovem: risco e vigilância nos sentidos da velhice contemporânea. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL LAVITS, 6., Salvador, 2019. Anais […]. Salvador: LAVITS, 2019. Disponível em: http://lavits.org/wp-content/uploads/2019/12/Sanz_-Pessoa-2019-LAVITSS.pdf. Acesso em: 26 maio 2020. https://repositorio.unb.br/handle/10482/37861 Português Acesso Aberto Anais do VI Simpósio Internacional LAVITS: “Assimetrias e (In)Visibilidades: Vigilância, Gênero e Raça” - (CC BY) - Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Fonte: http://lavits.org/anais-do-vi-simposio-internacional-lavits-assimetrias-e-invisibilidades-vigilancia-genero-e-raca/?lang=pt. Acesso em: 26 maio 2020. application/pdf LAVITS
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Sanz, Cláudia Linhares
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description O artigo propõe discutir as imagens da velhice contemporânea a partir das relações entre vigilância, risco e governamentalidade. Trata-se de pensar, segundo uma perspectiva genealógica, como os atuais sentidos de ser velho estão entrelaçados ao regime de visibilidade contemporâneo. De fato, a “nova imagem da terceira idade” não é apenas matéria de anúncios de bancos, aplicativos de beleza, comerciais de seguro de saúde ou campanhas de medicamentos sexuais, para citar alguns. Na realidade, ao incorporar progressivamente os velhos no campo produtivo, o neoliberalismo faz circular imagens que servem tanto para conformar um tipo de velhice performática e empresarial quanto para ampliar seu acervo de dados informacionais. As redes atuais de vigilância se apropriam, assim, cada vez mais, também dos dados e perfis da velhice contemporânea: hábitos de alimentação, cuidados com a saúde, comportamentos de compra, práticas de poupança, rotinas de sono. Dados que alimentam circuitos informacionais, subsidiam projeções de perigos para a velhice e legitimam novos dispositivos de segurança. Mais que isso, convertidos em conhecimento, ancoram intervenções sobre indivíduos e populações e legitimam ou deslegitimam investimentos e reformas governamentais. São saberes que participam do enquadramento de certos tipos de velhice mais “adequados” às dinâmicas atuais e, assim, agem conduzindo condutas e comportamentos. Nessa rede de sentidos, os minuciosos procedimentos de vigilância – que já não se limitam exclusivamente a lugares confinados ou a populações específicas – também não se restringem à nossa atualidade. Paradoxalmente, vigiar a velhice é controlar, a partir de exames de antecipação e previsão, também riscos do porvir. Mantendo-se de pé e longe da bengala da dependência, física ou econômica, o velho contemporâneo é crescentemente solicitado – pelo menos nas narrativas hegemônicas do marketing – a ser independente, ativo e, sobretudo, capaz de gerenciar as perdas futuras que o tempo pode causar aos corpos e às finanças.
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