Plantas medicinais tradicionalmente utilizadas no Nordeste do Brasil: potencial antimicrobiano para tratar distúrbios das vias gênito-urinárias
As infecções das vias gênito-urinárias são uma realidade muito difundida mundialmente. São causadas por bactérias, fungos e protozoários que colonizam os tecidos urogenitais. Existem muitos produtos naturais à base de plantas que demostraram ter eficácia no tratamento desses distúrbios. No Brasi...
Main Author: | MARANGONI, Carmen |
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Other Authors: | ANDRADE, Laise de Holanda Cavalcanti |
Format: | masterThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Perrnambuco
2016
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16910 |
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Summary: |
As infecções das vias gênito-urinárias são uma realidade muito difundida
mundialmente. São causadas por bactérias, fungos e protozoários que
colonizam os tecidos urogenitais. Existem muitos produtos naturais à base de
plantas que demostraram ter eficácia no tratamento desses distúrbios. No
Brasil, em muitas regiões, o emprego das plantas medicinais é prática comum.
Estudos etnobotânicos realizados no Nordeste do Brasil com populações
tradicionais, incluindo tribos indígenas, indicam que muitas plantas são
utilizadas para tratar distúrbios das vias gênito-urinárias. Para melhor entender
as práticas de cura tradicionais e corroborar as suas eficácia, neste estudo
avaliou-se o potencial antimicrobiano in vitro de uma seleção de plantas
medicinais tradicionalmente utilizadas para tratar esses tipo de transtorno por
duas populações indígenas, os Pankararu e os Fulni-ô, que habitam a região
semiárida do Nordeste do Brasil. As plantas foram coletadas no final da
estação chuvosa na comunidade rural de Riachão de Malhada de Pedra,
município de Caruaru. Extratos aquosos e hidroalcoólicos foram preparados
com a parte da planta tradicionalmente utilizada e a avaliação da atividade
antimicrobiana foi realizada com a técnica da microdiluição, testando os
extratos frente microrganismos capazes de colonizar o aparelho urogenital
(Candida albicans, C. tropicalis, Enterococcus faecalis, Escherichia coli,
Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa,
Staphylococcus aureus, S. saprophyticus). A avaliação da atividade anti-
Trichomonas vaginalis foi realizada através do teste da viabilidade dos
trofozooides. Foi realizado o perfil fitoquímico e avaliada a atividade
antioxidante dos extratos obtidos da forma tradicional. Foi também testada a
correlação entre atividade antimicrobiana e uso tradicional, reportado como
índice de Importância Relativa de Uso. Os resultados mostraram que os
microrganismos mais susceptíveis foram os dois pertencentes ao gênero
Staphylococcus, sendo os extratos aquoso e hidroalcoólico de Maytenus rigida
e Spondias tuberosa os mais ativos (MIC = 0.2 mg/mL). As plantas cujos
extratos da casca demonstraram maior espectro de ação foram Anacardium
occidentale, Myracrodruon urundeuva e S. tuberosa. A maioria dos extratos
testados mostrou atividade frente ao protozoário T. vaginalis. Os extratos de Sideroxylon obtusifolium mostraram uma toxicidade contra ao parasita
comparável à do metrodinazol. O teor de taninos encontrado nos extratos
mostrou ter uma correlação significativa com a atividade antimicrobiana,
indicando um papel dessa classe de compostos na atividade aqui registrada.
Encontrou-se também uma correlação significativa entre a atividade
antimicrobiana e o uso tradicional. As espécies que apresentam maior atividade
antioxidante foram Anadenanthera colubrina, M. urundeuva, S. tuberosa que
coincidiram com as espécies que apresentaram os maiores teor de fenóis
totais. O teor de flavonoides não parece estar correlato com a atividade
antioxidante. Os resultados aqui apresentados apontam que as espécies A.
occidentale, M. urundeuva e S. tuberosa produzem substâncias ativas frente a
todos os microrganismos testados, justificando o uso tradicional. Essas três
espécies, juntas com M. rigida e S. obtusifolium mostraram atividades
promissora para o desenvolvimento de novos tratamentos contra T. vaginalis. |
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