“Isso é doença ou é safadeza?” : sentidos sobre incesto em um grupo de diálogos com jovens da Região Metropolitana do Recife-PE
O incesto, ainda que tabu não transcendental e/ou universal, mas sim contingente, é uma prática sexual muitas vezes silenciada como bem apontam alguns estudos sobre Sexualidade e Erotismo. A juventude é uma etapa da vida humana também culturalmente marcada por tensões ligadas à sexualidade. Dessa...
Main Author: | FALCÃO, Raissa Rodrigues |
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Other Authors: | NASCIMENTO, Luís Felipe Rios do |
Format: | masterThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2017
|
Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/19991 |
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ir-123456789-19991 |
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ir-123456789-199912019-10-26T00:10:08Z “Isso é doença ou é safadeza?” : sentidos sobre incesto em um grupo de diálogos com jovens da Região Metropolitana do Recife-PE FALCÃO, Raissa Rodrigues NASCIMENTO, Luís Felipe Rios do http://lattes.cnpq.br/2759823136315038 http://lattes.cnpq.br/9817218308880476 incesto juventude gênero etnografia grupo incest youth gender ethnography group O incesto, ainda que tabu não transcendental e/ou universal, mas sim contingente, é uma prática sexual muitas vezes silenciada como bem apontam alguns estudos sobre Sexualidade e Erotismo. A juventude é uma etapa da vida humana também culturalmente marcada por tensões ligadas à sexualidade. Dessa forma, este trabalho objetivou estudar os sentidos sobre o incesto construídos por jovens habitantes da Região Metropolitana do Recife. Tais jovens interlocutoras/es participaram de um grupo de formação chamado Ação Juvenil, ligado ao Projeto Diálogos para o Desenvolvimento Social em Suape. O grupo funcionava com o objetivo de trabalhar questões ligadas à sexualidade, violência de gênero, violência sexual, consumo abusivo de álcool e outras drogas e violência contra a mulher, uma vez que as vulnerabilidades sociais relacionadas a esses temas intensificaram-se na referida região desde a chegada da Refinaria Abreu e Lima. Dessa maneira, em formato de oficinas e a partir da perspectiva teórico metodológica do trabalho com grupos e epistemologia feminista, construímos um espaço que se mostrou privilegiado para lidar com questões ligadas à sexualidade e juventude. O método etnográfico inspirou a relação com o campo que tratou de maneira “espontânea” de aspectos sobre relações sexuais intrafamiliares. Os encontros foram vídeo-gravados, transcritos e posteriormente organizados em categorias analíticas temáticas. Assim, essas categorias foram marcadas pelos sentidos sobre o incesto trabalhados no grupo de jovens, que se atrelaram aos sentidos de abuso sexual intrafamiliar, de noções que questionaram as possibilidades de autonomia na infância e também de ideias ampliadas simbolicamente sobre violência, todas fortemente permeadas pelas desigualdades do sistema sexo/gênero, assim como as relações dentro do próprio grupo, também permeadas por essas desigualdades. Esses sentidos ligados ao incesto atravessados por ideias de violência ligadas às hierarquias de gênero produziram desdobramentos em outros sentidos sobre esse objeto. Esses outros sentidos estiveram, no entanto, pautados em um diferente registro ou sistema de ideias, mais ligados à ordem dos discursos de sexualidade e do erótico do que mesmo ao gênero propriamente dito, ainda que permeados por ele. Dessa forma, as demais categorias ligaram-se aos sentidos do incesto como vício em sexo, atrelados aos discursos científicos e religiosos sobre família e sexualidade, e de arranjos eróticos chamados de "safadezas" entre quem pode ou não pode fazer sexo. Assim, não só pelas relações de desigualdade, como também de possíveis subversões do sistema sexo/gênero atreladas ao marcador geracional juvenil trataram essas categorias. Por fim, o grupo funcionou a partir de sua propriedade interinventiva em que construímos processos marcados por multiplicidades de entradas e saídas, assemelhados a um rizoma, em que foi possível (res)situar os impasses e desenhar linhas de fuga para as relações e sentidos construídos na Pesquisa. FACEPE Incest, though not a transcendental taboo and / or universal but contingent, is a sexual practice often silenced as it has been pointed in some studies on Sexuality and Eroticism. Youth is a stage of human life also culturally marked by tensions related to sexuality. Thus, this study investigated the different individual interpretations of incest given by young people in the metropolitan region of Recife. These young interlocutors attended a training group called Youth Action, joined to the Dialogue Project for Social Development in Suape. The group main aims were to work issues related to sexuality, gender-based violence, sexual violence, abuse of alcohol and other drugs and violence against women, as social vulnerabilities related to those issues were intensified in that region since the arrival of the Abreu e Lima Refinery. Thus, promoting workshops based on the methodological theoretical prospect of working with groups, we built up a space that favoured the work with issues regarding sexuality and youth. The ethnographical method contributed to the spontaneous atmosphere, in which, the aspects regarding intra-family sex were approached. The meetings were video-recorded, transcribed and later organized into thematic analytical categories. Thus, these categories were set based on the interpretations about incest which were elicited from the youth group, These are the categories, domestic sexual violence, notions that questioned the possibilities of autonomy in childhood and also ideas symbolically maximized about violence, all strongly permeated by the inequalities of gender system / gender, as well as relations within the group were also permeated by these inequalities. These different meanings given l to incest crossed by ideas of violence related to gender hierarchies produced other perceptions in this study. These other directions were, however, guided in a system registry or different ideas, more related to the speeches regarding sexuality and erotic than the gender itself, although permeated by it. Thus, other categories have been added as sex addiction, related to scientific and religious discourses on family and sexuality and erotic arrangements called "crooked deals" between those who can or cannot have sex. So these categories treated not only the relations of inequality, but also possible subversions of sex system / genre linked to youthful generational marker. Finally, the group worked based on their interventional or inter-inventive actions, in which we went through processes marked by multiplicity and multiple inputs and outputs, like a rhizome in which was possible to (re) situate the impasses among the different meanings given to the incest and the relationships built in the research. 2017-07-24T12:21:41Z 2017-07-24T12:21:41Z 2015-05-26 masterThesis https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/19991 por Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ application/pdf Universidade Federal de Pernambuco UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Psicologia |
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REPOSITORIO UFPE |
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incesto juventude gênero etnografia grupo incest youth gender ethnography group |
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O incesto, ainda que tabu não transcendental e/ou universal, mas sim contingente, é uma
prática sexual muitas vezes silenciada como bem apontam alguns estudos sobre Sexualidade e
Erotismo. A juventude é uma etapa da vida humana também culturalmente marcada por
tensões ligadas à sexualidade. Dessa forma, este trabalho objetivou estudar os sentidos sobre o
incesto construídos por jovens habitantes da Região Metropolitana do Recife. Tais jovens
interlocutoras/es participaram de um grupo de formação chamado Ação Juvenil, ligado ao
Projeto Diálogos para o Desenvolvimento Social em Suape. O grupo funcionava com o
objetivo de trabalhar questões ligadas à sexualidade, violência de gênero, violência sexual,
consumo abusivo de álcool e outras drogas e violência contra a mulher, uma vez que as
vulnerabilidades sociais relacionadas a esses temas intensificaram-se na referida região desde
a chegada da Refinaria Abreu e Lima. Dessa maneira, em formato de oficinas e a partir da
perspectiva teórico metodológica do trabalho com grupos e epistemologia feminista,
construímos um espaço que se mostrou privilegiado para lidar com questões ligadas à
sexualidade e juventude. O método etnográfico inspirou a relação com o campo que tratou de
maneira “espontânea” de aspectos sobre relações sexuais intrafamiliares. Os encontros foram
vídeo-gravados, transcritos e posteriormente organizados em categorias analíticas temáticas.
Assim, essas categorias foram marcadas pelos sentidos sobre o incesto trabalhados no grupo
de jovens, que se atrelaram aos sentidos de abuso sexual intrafamiliar, de noções que
questionaram as possibilidades de autonomia na infância e também de ideias ampliadas
simbolicamente sobre violência, todas fortemente permeadas pelas desigualdades do sistema
sexo/gênero, assim como as relações dentro do próprio grupo, também permeadas por essas
desigualdades. Esses sentidos ligados ao incesto atravessados por ideias de violência ligadas
às hierarquias de gênero produziram desdobramentos em outros sentidos sobre esse objeto.
Esses outros sentidos estiveram, no entanto, pautados em um diferente registro ou sistema de
ideias, mais ligados à ordem dos discursos de sexualidade e do erótico do que mesmo ao
gênero propriamente dito, ainda que permeados por ele. Dessa forma, as demais categorias
ligaram-se aos sentidos do incesto como vício em sexo, atrelados aos discursos científicos e
religiosos sobre família e sexualidade, e de arranjos eróticos chamados de "safadezas" entre
quem pode ou não pode fazer sexo. Assim, não só pelas relações de desigualdade, como
também de possíveis subversões do sistema sexo/gênero atreladas ao marcador geracional
juvenil trataram essas categorias. Por fim, o grupo funcionou a partir de sua propriedade interinventiva
em que construímos processos marcados por multiplicidades de entradas e saídas,
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