Assistência farmacêutica na atenção básica à saúde: avaliação de indicadores de racionalidade do uso de medicamentos

O uso inadequado dos medicamentos é um grave problema de saúde pública mundial. Diante da necessidade de pesquisa sobre a racionalidade do uso de medicamentos e de indicadores que o descreve, pressupõe-se que os indicadores preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) precisariam ser revisit...

Full description

Main Author: SILVA, André Santos da
Other Authors: WANDERLEY, Almir Goncalves
Format: doctoralThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2018
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25942
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Summary: O uso inadequado dos medicamentos é um grave problema de saúde pública mundial. Diante da necessidade de pesquisa sobre a racionalidade do uso de medicamentos e de indicadores que o descreve, pressupõe-se que os indicadores preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) precisariam ser revisitados de forma a adequá-los para a atenção básica à saúde brasileira. Deste modo, o objetivo do estudo foi analisar os indicadores de racionalidade do uso de medicamentos. Tratou-se de um estudo observacional transversal, desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Petrolina no estado de Pernambuco, através de entrevistas com questionários semiestruturados de agosto de 2014 a maio de 2016. O estudo foi dividido em duas linhas de pesquisa: na primeira, realizou-se o estudo farmacoepidemiológico e na segunda o estudo do Uso Racional de Medicamentos (URM) com aplicação dos Indicadores de uso de medicamentos propostos pela OMS. Dos resultados, observou-se na população prevalência de usuários idosos (50,2%), de gênero feminino (71,8%), aposentados (42,3%), com renda de um salário mínimo (61,8%), baixa escolaridade (acima de 70%) e com doenças hipertensivas (81,2%). A média de fármacos utilizados foi de 4,2 ± 2,2 por usuário e mediana 4 (1-13). A automedicação foi observada em 116 (36,4%) usuários, o uso incorreto dos medicamentos prescritos em 155 (48,6%) e a não adesão ao medicamento em 241 (75,5%) usuários. A interação medicamentosa foi observada em 53,6% dos 84 usuários avaliados, com média de 3,1±3,0. As receitas médicas apresentaram pelo menos uma inadequação legal e observou-se a ausência de farmacêutico nas farmácias das UBS. Os resultados dos indicadores da OMS não alcançaram as recomendações, assim as UBS do estudo foram incompatíveis para a promoção do URM. Por outro lado, os indicadores mais relevantes sugeridos por este estudo para medir o URM, seriam: a porcentagem de medicamentos prescritos pelo nome genérico; a porcentagem de consultas em que se prescrevem antibióticos; porcentagem de medicamentos prescritos que estão presentes na lista de medicamentos essenciais; porcentagem de medicamentos realmente dispensados; porcentagem de pacientes que conhecem a dose correta; disponibilidade de cópias da lista ou formulário de medicamentos essenciais; e a disponibilidade de medicamentos essenciais. A partir da análise, a proposta de um modelo diagnóstico seria ainda acrescida outros indicadores tais como: Porcentagem de prescrições legalmente adequadas; Porcentagem de pacientes orientados sobre o uso de medicamentos no consultório; Porcentagem de pacientes orientados sobre o uso de medicamentos na farmácia; Número de medicamentos prescritos ao paciente; Porcentagem de pacientes que realizam a automedicação; Porcentagem de pacientes que usam seus medicamentos de forma adequada; Porcentagem de pacientes que compreendem o motivo do uso de seus medicamentos; Porcentagem de pacientes aderentes à farmacoterapia; Porcentagem de pacientes que relatam segurança ao medicamento; e Porcentagem de pacientes que relatam efetividade ao medicamento. Assim, espera-se contribuir com indicadores sensíveis e apropriados para serem utilizados na atenção básica do município, extrapolando-os, quando possível, para outros municípios do país, auxiliando na percepção dos problemas e servindo de modelo para descrição da qualidade do URM.