Limites e paradoxos da moralidade vegan: um estudo sobre as bases simbólicas e morais do vegetarianismo

Este trabalho procura analisar concepções e práticas alimentares de sujeitos adeptos do vegetarianismo, veganismo e da alimentação viva. A etnografia procurou investigar as bases morais e simbólicas da alimentação nesses grupos, incluindo seus limites, ambiguidades e paradoxos. O trabalho de campo f...

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Main Author: LIRA, Luciana Campelo de
Other Authors: CAMPOS, Roberta Bivar Carneiro
Format: doctoralThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2018
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/27495
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Summary: Este trabalho procura analisar concepções e práticas alimentares de sujeitos adeptos do vegetarianismo, veganismo e da alimentação viva. A etnografia procurou investigar as bases morais e simbólicas da alimentação nesses grupos, incluindo seus limites, ambiguidades e paradoxos. O trabalho de campo foi realizado de setembro de 2010 a agosto de 2012 com os grupos: Grupo Recife - SVB (Sociedade vegetariana Brasileira), Grupo Recife – ATIVEG (Ativismo Vegano) e o movimento da alimentação viva, também situado em Recife. O universo empírico foi abordado através de 18 entrevistas semiestruturadas, conversas, participação em reuniões e ações desses grupos, bem como a partir do discurso teórico e panfletário que sustenta os movimentos citados. Tal abordagem possibilitou o acesso a uma linguagem comum que associa a alimentação a critérios morais e éticos, a ideais de saúde e bem-estar, de justiça social e preservação ambiental, além de, em alguns casos, ser instrumento para expressão de um modelo de espiritualidade específico. A intensificação dos processos industriais e do estilo de vida urbano conduziu a um afastamento paulatino dos sujeitos com relação à origem dos alimentos que consomem, especialmente, quanto aos animais usados em sua produção, aos aditivos químicos e aos processos artificiais. Por outro lado, é possível observar o aumento da sensibilidade relativo às condições de existência dos animais, e o questionamento do estatuto que lhes tem sido reservado na sociedade ocidental, assim como uma preocupação crescente com a qualidade do que é consumido a partir de critérios de proximidade com a natureza em uma perspectiva holística que relaciona corpo, mente, emoções e espírito. Nesse sentido, noções de “igualdade”, “plenitude”, “equilíbrio” e “pureza” norteiam a busca por um “cardápio irrepreensível”, que expresse os valores dos grupos e atuem como instrumento de transformação social, no que se refere à instituição de uma moralidade antiespecista e de uma relação de integralidade entre natureza e cultura.