Relações discursivas em museus de ciências e o processo de alfabetização científica: analisando interações verbais / não verbais entre monitor e visitantes
Nosso objetivo geral nesta pesquisa consistiu em compreender como as especificidades dos enunciados, que emergem da interação discursiva monitor/visitante no Espaço Ciência, promovem a Alfabetização Científica. Participaram do estudo um monitor e 27 estudantes de 7ª série de uma escola pública estad...
Main Author: | LEITÃO, Angela Bezerra de Souza |
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Other Authors: | TEIXEIRA, Francimar Martins |
Format: | doctoralThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2019
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28379 |
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Summary: |
Nosso objetivo geral nesta pesquisa consistiu em compreender como as especificidades dos enunciados, que emergem da interação discursiva monitor/visitante no Espaço Ciência, promovem a Alfabetização Científica. Participaram do estudo um monitor e 27 estudantes de 7ª série de uma escola pública estadual, no Recife, durante visita monitorada. Consideramos a Alfabetização Científica como o processo através do qual o indivíduo adquire habilidades próprias do fazer científico, pelas quais se torna capaz de construir relações entre os conhecimentos científicos e as tecnologias a eles associadas, compreendendo os impactos que produzem para a sociedade e o meio ambiente (SASSERON, 2008; SASSERON; CARVALHO, 2011). Para elaboração do corpus empírico da pesquisa, utilizamos prioritariamente a videogravação de ‘banco de dados’ que havíamos construído em 2009 (LEITÃO, 2009), e entrevistamos a equipe gestora do museu, com o objetivo de atualizar informações sobre o mesmo. Para análise do corpus, nos apoiamos nos eixos estruturantes da Alfabetização Científica e seus indicadores (SASSERON, 2008), e no indicador de Alfabetização Científica estético/afetivo (CERATI, 2014). Recorremos também aos estudos de linguagem de Bakhtin e seu Círculo, tendo como referência a teoria da enunciação, considerados os conceitos de vozes, polifonia, dialogismo, gêneros do discurso, interação verbal, discurso autoritário e discurso interiormente persuasivo, que nos possibilitaram interpretar os enunciados gerados na interlocução monitor/visitantes. Com a pesquisa pudemos constatar que as enunciações no museu foram notadamente marcadas pelo gênero cotidiano, estruturado por meio da linguagem coloquial, com alguns momentos marcados por vocábulos da linguagem científica. Constatamos que o discurso assumido pelo monitor foi determinante por restringir ou ampliar os espaços de negociação de significados pelos estudantes; ora pelo uso que fez da palavra autoritária, ora pela palavra interiormente persuasiva que assumiu. O uso da palavra interiormente persuasiva pelo monitor favoreceu o contexto dialógico, possibilitando aos estudantes fazerem uso de vários indicadores de Alfabetização Científica (SASSERON, 2008). Constatamos que os mesmos também fizeram uso de indicadores estéticos/afetivos (CERATI, 2014). Estes se evidenciaram pela ação estimuladora do monitor, e, acreditamos, porque o museu de ciências, além de ser uma instância do conhecimento, é espaço das emoções, do inusitado, espaço privilegiado para surpreender o visitante através dos aparatos, objetos, imagens, o que amplia as possibilidades deste se envolver com a exposição. Essas evidências nos levam a afirmar que os museus de ciências têm um potencial muito grande para contribuir com a Alfabetização Científica dos seus diversos públicos. Importante é que os seus profissionais instaurem um processo contínuo de avaliação das suas ações educativas, reavaliem os fundamentos que norteiam a divulgação científica, que são determinantes dos discursos que a instituição veicula, para que o público, dentro do museu, se reconheça como sujeito para explorar suas próprias ideias e compreender o papel da ciência na sociedade. |
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