Ser e viver o Sertão: memória e identidade sertaneja no sul do Maranhão (1950-2017)

A formação histórica do Sul do Maranhão caracteriza-se pela sua apropriação por diferentes sujeitos, forjando identidades que os interligam ao meio biofísico em que se encontram. São populações indígenas, sertanejos, comunidades quilombolas e sulistas sojicultores que elaboram suas vidas através de...

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Main Author: ROCHA, Rosimary Gomes
Other Authors: MACIEL, Caio Augusto Amorim
Format: doctoralThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2019
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28395
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spelling ir-123456789-283952019-10-26T05:36:42Z Ser e viver o Sertão: memória e identidade sertaneja no sul do Maranhão (1950-2017) ROCHA, Rosimary Gomes MACIEL, Caio Augusto Amorim http://lattes.cnpq.br/6090409863602515 http://lattes.cnpq.br/4908600462706819 Geografia Geografia - Maranhão Maranhão - História Cerrados Sertanejos Identidade social Memória A formação histórica do Sul do Maranhão caracteriza-se pela sua apropriação por diferentes sujeitos, forjando identidades que os interligam ao meio biofísico em que se encontram. São populações indígenas, sertanejos, comunidades quilombolas e sulistas sojicultores que elaboram suas vidas através de estratégias socioespaciais, principalmente no âmbito rural. Como são grupos diversos, as suas atuações tendem a ser divergentes, embora, em alguns casos, os interesses sejam os mesmos, sendo tão somente as estratégias de (re)construção socioespacial diferenciadas. Como recorte metodológico, elegemos pensar o constructo socioespacial a partir dos sertanejos na efetivação desse local como lugar em que a existência está relacionada à corrente de criadores de gado que chegaram no século XVIII apropriando-se dos campos naturais da região. Para tanto, reportamo-nos aos fatores históricos que demonstram a primazia do Cerrado, bioma aí preponderante, que exerce/exerceu influência nas práticas dos sujeitos que, ao longo de suas trajetórias, costuram um lugar no qual a subjetividade é revelada pelas nuances contidas materialmente no espaço geográfico. Quando colocamos a natureza e o social em relevo, estamos enveredando pelo pensamento de que o sujeito reproduz o espaço continuamente, no entanto os fatores da natureza não são vistos apenas pela sua materialidade, exercem simbologias que influenciam no processo de apropriação social e que acabam forjando identidades. Dessa forma, vai se tecendo o pensar, o agir, o viver, ou seja, o lugar, o mundo. Dessa feita, tomamos, como forma de desvendamento do Sertão sul-maranhense, os conceitos de Cultura, Memória, Identidade e Lugar, como pressupostos para as re-existências, os modos de vida e as representações dos sertanejos. Temos, como objetivo geral, reconhecer o Sertão sul-maranhense a partir das relações históricas e geográficas, que dão pressuposto à constituição de uma identidade sertaneja, bem como interpretar as trajetórias e as transformações vivenciadas pelos sujeitos sertanejos, nos últimos 50 anos, com base no resgate da memória. No plano metodológico, procuramos interpretar o que está posto tendo em vista o enlace entre passado, presente e futuro, mediante a memória dos sertanejos como recurso principal. Isso porque as narrativas construídas por eles (sertanejos) nos possibilitaram apreender experiências espaciais e temporais de suas trajetórias, a forma como se organizam, seus desejos, suas práticas e, ainda, como se enxergam enquanto sujeitos possuidores de singularidades e conflitos. Pudemos, assim, identificar que, na trajetória dos mais velhos, existe uma relação de experiências que consubstanciam modos de ver e de fazer que remetem ao passado, mas não desvinculados do presente. As mudanças no Sertão são bem visíveis, vão desde a relação da materialidade traduzida na estrutura das casas, das estradas, nos meios de deslocamento, na substituição da vegetação original por pastagens para o gado, por campos de soja, estendendo-se aos rios que secam por conta da escassez de chuvas, como também perpassam pela subjetividade dos sertanejos, atravessada por conflitos consigo mesmo, acerca de seu lugar no mundo, como com o “outro”. CAPES The historical formation of the Southern Maranhão is characterized by its appropriation by different subjects, forging identities that interconnect them to the biophysical milieu in which they are. They are indigenous populations, sertanejos (hinterland people), quilombo communities and southern soy farmers that elaborate their lives through social-spatial strategies, mainly in the rural scope. As diverse groups, their actions tend to be divergent, although, in some cases, the interests are the same, being only the social-spatial (re)construction strategies differentiated. As a methodological cutout, we choose to think of the social-spatial construct from the sertanejos in the realization of this place as a place where existence is related to the current of cattle breeders who arrived in the XVIII century appropriating the natural fields of the region. For this purpose, we refer to the historical factors that demonstrate the primacy of the Cerrado Savannah, a biome prevailing there that exerts/exerted influence on the practices of the subjects who, along their trajectories, stitch together a place in which subjectively is revealed by the nuances contained materially in geographical space. When we place nature and social in relief, we are embarking on the thought that the subject reproduces space continuously, yet the factors of nature are not only seen by their materiality, they exert symbologies that influence the process of social appropriation and that they end up forging identities. In this way, it is going to weave the thinking, the acting, the living, that is, the place, the world. By this made, we took the concepts of Culture, Memory, Identity and Place as presuppositions for the re-existences, the ways of life and the representations of the sertanejos, as a way of unraveling the Southern Maranhão Hinterland. We have, as a general aim, to recognize the Southern Maranhão Hinterland from the historical and geographical relations, which presuppose the constitution of the sertanejo identity, as well as to interpret the trajectories and transformations experienced by sertanejos subjects in the last 50 years, based on the rescue from memory. At the methodological level, we seek to interpret what is put in view of the link between past, present and future, through the memory of sertanejos as the main resource. This is because the narratives constructed by them (sertanejos) have enabled us to apprehend spatial and temporal experiences of their trajectories, the way they organize themselves, their desires, their practices and also how they see themselves as subjects possessing singularities and conflicts. We have thus been able to identify that in the trajectory of the elders there is a relation of experiences that consubstantiate ways of seeing and going that refer to the past, but not unrelated to the present. The changes in the Serão are very visible, ranging from the relation of materiality translated in the structure of the houses, roads, means of displacement, the replacement of the original vegetation by cattle pastures, by soybean fields, extending to the rivers that they dry up because of scarcity of rainfall, as well as the subjectivity of the sertanejos, crossed by conflicts with themselves,, about their place in the world, as with the other. 2019-01-03T13:22:38Z 2019-01-03T13:22:38Z 2017-12-06 doctoralThesis https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28395 por openAccess Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ application/pdf Universidade Federal de Pernambuco UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Geografia
institution REPOSITORIO UFPE
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ROCHA, Rosimary Gomes
Ser e viver o Sertão: memória e identidade sertaneja no sul do Maranhão (1950-2017)
description A formação histórica do Sul do Maranhão caracteriza-se pela sua apropriação por diferentes sujeitos, forjando identidades que os interligam ao meio biofísico em que se encontram. São populações indígenas, sertanejos, comunidades quilombolas e sulistas sojicultores que elaboram suas vidas através de estratégias socioespaciais, principalmente no âmbito rural. Como são grupos diversos, as suas atuações tendem a ser divergentes, embora, em alguns casos, os interesses sejam os mesmos, sendo tão somente as estratégias de (re)construção socioespacial diferenciadas. Como recorte metodológico, elegemos pensar o constructo socioespacial a partir dos sertanejos na efetivação desse local como lugar em que a existência está relacionada à corrente de criadores de gado que chegaram no século XVIII apropriando-se dos campos naturais da região. Para tanto, reportamo-nos aos fatores históricos que demonstram a primazia do Cerrado, bioma aí preponderante, que exerce/exerceu influência nas práticas dos sujeitos que, ao longo de suas trajetórias, costuram um lugar no qual a subjetividade é revelada pelas nuances contidas materialmente no espaço geográfico. Quando colocamos a natureza e o social em relevo, estamos enveredando pelo pensamento de que o sujeito reproduz o espaço continuamente, no entanto os fatores da natureza não são vistos apenas pela sua materialidade, exercem simbologias que influenciam no processo de apropriação social e que acabam forjando identidades. Dessa forma, vai se tecendo o pensar, o agir, o viver, ou seja, o lugar, o mundo. Dessa feita, tomamos, como forma de desvendamento do Sertão sul-maranhense, os conceitos de Cultura, Memória, Identidade e Lugar, como pressupostos para as re-existências, os modos de vida e as representações dos sertanejos. Temos, como objetivo geral, reconhecer o Sertão sul-maranhense a partir das relações históricas e geográficas, que dão pressuposto à constituição de uma identidade sertaneja, bem como interpretar as trajetórias e as transformações vivenciadas pelos sujeitos sertanejos, nos últimos 50 anos, com base no resgate da memória. No plano metodológico, procuramos interpretar o que está posto tendo em vista o enlace entre passado, presente e futuro, mediante a memória dos sertanejos como recurso principal. Isso porque as narrativas construídas por eles (sertanejos) nos possibilitaram apreender experiências espaciais e temporais de suas trajetórias, a forma como se organizam, seus desejos, suas práticas e, ainda, como se enxergam enquanto sujeitos possuidores de singularidades e conflitos. Pudemos, assim, identificar que, na trajetória dos mais velhos, existe uma relação de experiências que consubstanciam modos de ver e de fazer que remetem ao passado, mas não desvinculados do presente. As mudanças no Sertão são bem visíveis, vão desde a relação da materialidade traduzida na estrutura das casas, das estradas, nos meios de deslocamento, na substituição da vegetação original por pastagens para o gado, por campos de soja, estendendo-se aos rios que secam por conta da escassez de chuvas, como também perpassam pela subjetividade dos sertanejos, atravessada por conflitos consigo mesmo, acerca de seu lugar no mundo, como com o “outro”.
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