Potencial de uso de machos esterilizados por radiação gama (⁶⁰CO) para o controle populacional de Aedes aegypti (Diptera - Culicidae): um caminho biotecnológico do laboratório para o campo

Aedes aegypti tem assumido um papel relevante na expansão das áreas de transmissão de arboviroses como dengue, chikungunya e zika, especialmente nos países tropicais. A principal forma de controle destas doenças continua sendo a redução populacional dos mosquitos vetores, cujas estratégias de elimin...

Full description

Main Author: FLORÊNCIO, Sloana Giesta Lemos
Other Authors: SILVA, Edvane Borges da
Format: doctoralThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2019
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29501
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Summary: Aedes aegypti tem assumido um papel relevante na expansão das áreas de transmissão de arboviroses como dengue, chikungunya e zika, especialmente nos países tropicais. A principal forma de controle destas doenças continua sendo a redução populacional dos mosquitos vetores, cujas estratégias de eliminação estão geralmente associadas ao uso de inseticidas químicos. Estudos realizados nos últimos anos demonstraram que populações de A. aegypti, inclusive do Brasil, estão resistentes a diversos compostos inseticidas. Assim, a avaliação de abordagens alternativas mais efetivas, seletivas e ambientalmente seguras é um componente necesszário aos programas de controle. O presente estudo avaliou o uso da técnica do inseto estéril (TIE), em que os mosquitos machos de A. aegypti foram expostos à radiação gama de ⁶⁰Co em sua fase de pupa, antes de serem liberados na Ilha de Fernando de Noronha/PE, Brasil. Uma subpopulação da própria Ilha, vila da Praia da Conceição (Aedes-VPC) foi estabelecida e utilizada para a produção massal dos machos estéreis. Duas densidades para a criação de larvas foram testadas, 400 - 600 larvas/cuba e 601 - 1000 larvas/cuba, porém, não foram encontradas diferenças significativas no peso das pupas e tamanho dos adultos. A maior densidade passou a ser adotada na produção massal, embora apenas 63% das larvas atingissem a fase de pupa em até 12 dias após a eclosão. Ensaios em condições simuladas de campo avaliaram o desempenho dos machos VPC, irradiados com doses de 40 e 50 Gy, e confirmaram sua maior competitividade para o acasalamento na proporção de 10 machos estéreis (ME) para cada macho selvagem (MS), levando a inviabilidade de 80% dos ovos produzidos. Utilizando a proporção de 10ME:1MS foi iniciado, em dez/2015, o teste piloto na VPC, uma das 15 vilas da Ilha de Fernando Noronha. Nesta área de 2 ha e 23 imóveis foram estabelecidos quatro pontos peridomicialres de soltura. Com base nos indicadores entomológicos estimados pela presenca e quantidade de ovos do mosquito em armadilhas, ovitrampas sentinelas (Ovt-S), de 2015, foi estimada uma quantidade inicial de 3.000 ME/semana para a VPC. Até dezembro de 2016 foram realizadas 51 solturas, semanais, liberando aproximadamente 234.000 ME. Nas primeiras 18 solturas os ME foram esterilizados com 40 Gy e nas demais com 50 Gy. A partir do número médio de ovos/Ovt-S/mês (NMO), da porcentagem de ovos inviaveis (POI) detectados na VPCTIE comparando 2015 e 2016 e da porcentagem de inviabilidade induzida de ovos na VPCTIE, comparada a área controle, vila do Trinta, observou-se uma diminuição da infestação por A. aegypti na área de liberação dos ME na ordem de 46%. No entanto, o POI variou grandemente (10,3% a 83,7%) e só quando a inviabilidade dos ovos foi ≥ 40% também foram registradas reduções significativas nos valores de NMO, ao longo dos 13 meses de uso da TIE. Tais oscilações pareceram estar relacionadas a rápida recomposição da população, fêmeas e machos selvagens na VPC, sobretudo em função da eclosão de larvas oriundas de ovos quiescentes, após os períodos de chuvas. Outros fatores relacionados a logistica de liberação como, a intermitência entre as solturas dos ME em campo e o número ainda insuficiente de ME/soltura, também podem ter contribuído para a insustentabilidade de níveis elevados de inviabilidade de ovos e supressão populacional do mosquito. Os resultados, no entanto, confirmam a eficiência da TIE para o controle de A. aegypti na Ilha de Fernando de Noronha e sua viabilidade para uso, de forma integrada, no Programa nacional de controle das arboviroses.