Os subgêneros da carta pessoal em correspondências pernambucanas do século XX
Neste trabalho, analisamos 60 cartas pessoais produzidas em e/ou destinadas ao estado de Pernambuco durante sete décadas do século XX em diferentes contextos sociais. Tendo como base os fatores formais e linguístico-discursivos integrantes das cartas, temos por objetivo identificar e caracterizar os...
Main Author: | SILVA, Aldeir Gomes da |
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Other Authors: | SOUZA, Maria Medianeira de |
Format: | masterThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2019
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/30371 |
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Summary: |
Neste trabalho, analisamos 60 cartas pessoais produzidas em e/ou destinadas ao estado de Pernambuco durante sete décadas do século XX em diferentes contextos sociais. Tendo como base os fatores formais e linguístico-discursivos integrantes das cartas, temos por objetivo identificar e caracterizar os três principais subgêneros da carta pessoal: carta de amigo, carta de família e carta de amor. A escolha do recorte do corpus se justifica pelas várias mudanças em termos de língua e textos que o século XX presenciou; tais mudanças podem ser refletidas na carta pessoal, uma vez que esse tipo de correspondência carrega traços que, por muitas vezes, a aproximam da informalidade e espontaneidade de uma conversação face a face. Assim, nossa análise está condicionada a três bases teóricas, que auxiliam na caracterização de cada subgênero. Os estudos de gêneros textuais/discursivos contidos nos trabalhos de Bakhtin (2000), Maingueneau (2005) e Araújo (2012) nos ajudam a localizar a carta no âmbito do hipergênero – entidade sócio-discursiva que exerce a função de rótulo para a organização de diferentes conteúdos – e a caracterizar a correspondência pessoal como gênero, de acordo com sua função comunicativa, a partir do qual emergem os três subgêneros supracitados. No eixo do modelo de análise de Tradição Discursiva, partimos das abordagens de Koch (1997), Oesterreicher (1997, 2006), Kabatek (2003, 2006), Souza (2012), Longhin (2014) e Lopes e Gomes (2016); com base nesses estudos, conseguimos identificar traços da carta pessoal que se configuram como textos prévios (sobretudo, devido ao caráter formulaico do gênero), que, somados à novidade de cada situação comunicativa, constituem os enunciados (LONGHIN, 2014). A terceira base do tripé teórico de nossa análise reside na “abordagem descritiva baseada no uso linguístico” (GOUVEIA, 2009, p. 14) da Linguística Sistêmico-Funcional. O Sistema de Avaliatividade, oriundo da metafunção interpessoal da linguagem, – que desempenha relações sociais e concebe a linguagem como troca – dá pistas na localização da região semântica ligada às avaliações (VIAN JR, 2012). Tais avaliações – situadas em três subsistemas: Atitude, Engajamento e Gradação – evidenciam as atitudes negociadas no texto, a intensidade dos sentimentos envolvidos e o posicionamento autoral mediante outros posicionamentos no texto. Nesse sentido, são relevantes as abordagens de Martin e Rose (2003), Vian Jr. (2012) e Santos (2015). Os resultados da investigação evidenciam as semelhanças e distinções entre os subgêneros nas categorias de análise pré-estabelecidas, de acordo com o perfil social dos escreventes e com as relações estabelecidas entre o escrevente e o destinatário, segundo os parâmetros de poder e solidariedade (BROWN; GILMAN, 1960; VIAN JR., 2012). Desse modo, mesmo seguindo um padrão composicional relativamente estável, com o advento de novas formas de comunicação, as cartas pessoais são passíveis de divisão em subgêneros e tal caracterização contribui para a identificação de traços semelhantes em textos escritos na atualidade. |
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