Estudo da associação entre migrânea e marcadores de doença arterial em mulheres de meia-idade

A migrânea está associada com aumento do risco de doenças cardiovasculares, especialmente nas mulheres, mas os mecanismos da correlação são desconhecidos. A associação entre migrânea e doença arterial é incerta. A apneia obstrutiva do sono também está associada com doenças cardiovasculares, mas a re...

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Main Author: MAGALHÃES, João Eudes
Other Authors: ROCHA FILHO, Pedro Augusto Sampaio
Format: doctoralThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2019
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31000
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Summary: A migrânea está associada com aumento do risco de doenças cardiovasculares, especialmente nas mulheres, mas os mecanismos da correlação são desconhecidos. A associação entre migrânea e doença arterial é incerta. A apneia obstrutiva do sono também está associada com doenças cardiovasculares, mas a relação com as cefaleias é questionável. Os objetivos foram determinar a associação entre migrânea e marcadores de lesão arterial, estudar a correlação entre gravidade da migrânea e grau de comprometimento vascular, comparar as características das cefaleias estratificadas pelo apneia obstrutiva do sono e determinar a correlação entre gravidade das cefaleias e da apneia do sono. Esse é um estudo transversal com coleta de dados secundários de mulheres de 45 a 65 anos, sem eventos cardiovasculares prévios e recrutadas no período de 2011 a 2012, incluindo dados clínicos e laboratoriais, parâmetros ultrassonográficos de artérias carótidas, de velocidade de onda de pulso e de estudo do sono. Avaliação neurológica para caracterização das cefaleias, aplicação do teste de impacto da cefaleia e escala de ansiedade e depressão hospitalar. Os grupos foram separados pelo diagnóstico de migrânea, presença de aura, adicionalmente diagnóstico de apneia obstrutiva do sono. Associações entre migrânea e marcadores de doença arterial (espessura íntima-média > 0,9mm [espessamento carotídeo], estenose focal > 1,5mm [placa aterosclerótica] e velocidade de onda de pulso ≥ 10m/s [rigidez arterial]) foram estudadas por análise multivariada, também utilizada para estudar a associação entre apneia obstrutiva do sono e características das cefaleias (diagnóstico, frequência e intensidade). Coeficientes de correlação também foram calculados. Incluímos 277 mulheres (perdas = 9%), mediana de idade 57 (52—61) anos. Migrânea foi diagnosticada em 112 participantes (40%) e 46 mulheres tinham migrânea com aura (17%). Comparando com o grupo sem migrânea, ansiedade e depressão foram mais frequentes em associação com a migrânea. O grupo de migrânea com aura era mais jovem e tinha mais hipertensão arterial e espessamento carotídeo, enquanto que o grupo de migrânea sem aura tinha menos placas ateroscleróticas e rigidez arterial. A migrânea com aura aumentou o risco de espessamento carotídeo (OR = 7,1, IC95% 1,1—48,5) e a migrânea sem aura estava associada com baixo risco de placas ateroscleróticas (OR = 0,28, IC95% 0,08—0,99) e rigidez arterial (OR = 0,39, IC95% 0,19—0,79). Não havia correlação entre a gravidade da migrânea e as medidas de lesão arterial. Apneia obstrutiva do sono foi diagnosticada em 112 mulheres (40,1%). A ocorrência de migrânea ou qualquer cefaleia e as características das cefaleias não foram diferentes comparando mulheres com e sem apneia do sono. A gravidade da apneia não esteve correlacionada com a ocorrência ou a gravidade das cefaleias. Para concluir, em mulheres de meia-idade, a migrânea com aura está associada com aumento do risco de espessamento carotídeo. Enquanto a migrânea sem aura está associada com menor risco de placas ateroscleróticas e rigidez arterial. A gravidade dessas cefaleias não se correlaciona com o grau de lesão arterial. A apneia obstrutiva do sono não está associada com a ocorrência, as características ou a gravidade das cefaleias nesse grupo de mulheres.