Relatos e vivências em saúde do campo: a produção do cuidado em assentamentos da Reforma Agrária no interior de Pernambuco
Historicamente as populações do campo no Brasil vivem processos de exclusão e desassistência com relação à saúde e demais políticas sociais. A incidência significativa de doenças negligenciadas relacionadas à pobreza, às precárias condições de trabalho, falta de acesso a terra e rede de abasteciment...
Main Author: | DANTAS, Ana Carolina de Moraes Teixeira Vilela |
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Other Authors: | MARTELLI, Petrônio José de Lima |
Format: | masterThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2019
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31223 |
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Summary: |
Historicamente as populações do campo no Brasil vivem processos de exclusão e desassistência com relação à saúde e demais políticas sociais. A incidência significativa de doenças negligenciadas relacionadas à pobreza, às precárias condições de trabalho, falta de acesso a terra e rede de abastecimento de água, são expressões da negligência por parte do poder público para com as famílias que vivem em áreas de acampamento e assentamentos rurais. Esta pesquisa etnográfica teve o objetivo analisar o cuidado à saúde de famílias assentadas no interior de Pernambuco a partir de observação participante, entrevistas individuais com profissionais de saúde da Atenção Primária e representante do setor saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, grupos focais com as famílias de dois assentamentos da Reforma Agrária, registro fotográfico e em diário de campo. Observou-se que as práticas de saúde vivenciadas pelas famílias assentadas estão relacionadas ao cuidado popular através do cultivo e uso de plantas medicinais, acesso às ações de prevenção desenvolvidas pelas equipes de saúde como vacinação, puericultura, orientações sobre tratamento da água para consumo, destino do lixo, programa de tratamento para hipertensão e diabetes. Além daquelas realizadas pelo setor saúde do Movimento que estão voltadas ao diagnóstico da condição de saúde e planejamento compartilhado a partir da educação popular.
Foram identificados elementos estruturantes dessas práticas como os fatores socioculturais, educacionais, a produção social das necessidades em saúde, formação e perfil dos profissionais, capacidade resolutiva da Atenção Primária. Apesar de as práticas de saúde referidas pelos profissionais, estarem de acordo com a proposição da Política Nacional da Atenção Básica, ainda há lacunas entre o fazer saúde técnico equipes de saúde) e o fazer saúde popular (famílias assentadas e setor saúde do MST). Pois, ambos compartilham do mesmo contexto de cuidado, embora ocupem posições diferentes (até mesmo desiguais) na relação de produção do cuidado e não instituem vias de comunicação entre si para reorganizar o cuidado às famílias nos assentamentos. Devem-se compreender de maneira integrada as necessidades de saúde do campo como produtos da estrutura sociocultural das famílias assentadas que vão demandar das equipes da APS competências e habilidades específicas para o cuidado à saúde integral e resolutivo implicado com a realidade do campo. |
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