Ecologia comportamental do macaco-prego-galego em um mosaico de Floresta Atlântica no Nordeste brasileiro: manguezal, várzea e terra firme
Ambientes costeiros alagáveis como manguezais e várzeas são particularmente vulneráveis aos impactos antrópicos e já sofreram uma perda substancial em sua extensão e biodiversidade. Para somar ao conhecimento sobre o uso de áreas costeiras alagáveis por primatas, investigamos a relação de uma popula...
Main Author: | SANTOS, Karolina Medeiros de Oliveira |
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Other Authors: | BEZERRA, Bruna Martins |
Format: | masterThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2019
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31377 |
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Summary: |
Ambientes costeiros alagáveis como manguezais e várzeas são particularmente vulneráveis aos impactos antrópicos e já sofreram uma perda substancial em sua extensão e biodiversidade. Para somar ao conhecimento sobre o uso de áreas costeiras alagáveis por primatas, investigamos a relação de uma população de macacos-prego-galegos (Sapajus flavius) e um fragmento de Mata Atlântica formado por um mosaico de manguezal, várzea e terra firme, localizado no estado da Paraíba, Brasil. O estudo foi realizado através de observações diretas dos animais e monitoramento por armadilhas fotográficas entre janeiro e dezembro de 2016. Os macacos-prego-galegos utilizaram os três ambientes desse mosaico, sendo provavelmente visitantes ocasionais do mangue em função do número reduzido de visitas neste local. Registramos 26 itens alimentares para os animais, sendo 17 de origem vegetal e nove de origem animal. Dos itens vegetais, a maior porcentagem de consumo foi representada por Elaeis guineensis e Anacardium occidentale, sendo a primeira exótica. Acreditamos que recursos alimentares comumente encontrados no manguezal como caranguejos e turus não fazem parte da dieta da espécie na área, o que foi evidenciado pelo comportamento de aversão ou indiferença, respectivamente, dos animais quando em contato com esses itens. As visitas às estações começaram principalmente durante o período de maré alta, confirmando a falta de interesse nesses itens alimentares que seriam mais facilmente encontrados no período de maré baixa. A locomoção e o forrageio foram as atividades mais frequentemente exibidas pelos animais, semelhante ao encontrado para a espécie e primatas do mesmo gênero em outras áreas. As visitas concomitantes em mais de uma estação de monitoramento fotográfico evidenciaram a dinâmica social de fissão-fusão na espécie estudada. As visitas às estações foram mais frequentes pela manhã, onde usualmente os machos adultos chegaram primeiro, evidenciando o papel dominante dos mesmos na sociedade dos macacos-pregos-galegos. Houve registro de infantes no decorrer de todos os meses do ano 2016, indicando a ausência de uma estação reprodutiva para a espécie, e as fêmeas usualmente os carregavam. Portanto, as fêmeas possuem um papel chave no cuidado da prole. Os animais se apresentaram ativos no período crepuscular, embora de maneira reduzida, mostrando que apesar da visão adaptada para hábito diurno, eles podem exercer atividades nos períodos de pouca luminosidade. Durante as visitas nas estações fotográficas, os comportamentos agonísticos, apesar de poucos, foram diretamente proporcionais à quantidade de alimento provisionado, enquanto as brincadeiras foram inversamente proporcionais. É importante que estudos futuros se concentrem nos efeitos da perda do hábitat do manguezal e da várzea sobre o comportamento de macacos-prego-galegos, devido à existência de várias populações próximas a esses ambientes. |
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