Fluoxetina neonatal como modulador positivo da bioenergética mitocondrial de ratos machos: será que a fluoxetina pode mimetizar os efeitos dos estrógenos?

A disfunção nas mitocôndrias pode acarretar em distúrbios neuronais em diversas regiões, como por exemplo, no tronco encefálico; área importante pelo controle das funções cardiorrespiratórias e pela produção de serotonina no encéfalo. Dessa forma, alterações nessa área podem vir a induzir o aparecim...

Full description

Main Author: SILVA, Tercya Lúcidi de Araújo
Other Authors: LAGRANHA, Claudia Jacques
Format: doctoralThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2019
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31902
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Summary: A disfunção nas mitocôndrias pode acarretar em distúrbios neuronais em diversas regiões, como por exemplo, no tronco encefálico; área importante pelo controle das funções cardiorrespiratórias e pela produção de serotonina no encéfalo. Dessa forma, alterações nessa área podem vir a induzir o aparecimento de diversas doenças, entre elas as cardiovasculares. Já é sabido que em fêmeas durante o período reprodutivo, o estrogênio, exerce ação protetora devido ao combate contra o estresse oxidativo exercida por esses hormônios. Alguns dados na literatura apontam que antidepressivos, como por exemplo, os inibidores de recaptação de serotonina (ISRS), podem acarretar prejuízos permanentes em componentes cerebrais, por aumentar o estresse oxidativo, podendo causar hipertensão e problemas cardiovasculares. Contudo, existe ainda discordância em relação aos efeitos dos ISRS quando utilizado no período neonatal, sobre a bioenergética mitocondrial no tronco encefálico de machos e fêmeas. Portanto, para o presente estudo, propomos e avaliamos em ratos Wistar, machos e fêmeas, aos 60 dias de vida, os efeitos da inibição da recaptação de serotonina, utilizando o fármaco fluoxetina (10 mg / Kg P.C., por via subcutânea), durante a lactação sobre a bioenergética mitocondrial e estresse oxidativo no tronco encefálico. Foram avaliados os seguintes dados: peso corporal, consumo de oxigênio mitocondrial, capacidade de retenção de cálcio, produção de espécies reativas (ER), peroxidação lipídica, oxidação de proteínas, atividade das enzimas superóxido dismutase, catalase, glutationa-S-transferase, citrato sintase, estado REDOX e expressão gênica da proteína desacopladora (UCP) 2. Nas fêmeas (F) observamos menor peso corporal que os machos (M), tratados com fluoxetina (Fx) (M-Fx:193,6±15,5g vs. F-Fx: 160,4±2,2g, p< 0,0001). Os M-Fx apresentaram maior resultado na razão de controle respiratório (RCR) (M Ct: 3,4±0,8 vs. M Fx: 9,3±1,0, p< 0,01; F-Ct:6,0±0,7 vs F-Fx:8,5±1,0). A produção de ER de oxigênio reduziu em M-Fx (M-Ct: 15,8±2,4 vs. M-Fx: 6,0±1,0 AUC, p< 0,01), porém essa redução se apresentou mais acentuada em fêmeas controle (F-Ct) (M-Ct: 15,8±2,4 vs. F-Ct: 8,1±1,0 AUC, p< 0,05). A citrato sintase aumentou 25% no grupo Fx (Ct:10,0±0,6 vs Fx:12,5±0,76 U/mg prot, p< 0,05). A expressão de UCP-2 aumentou em ambos os sexos, sendo mais expressiva em fêmeas (M-Ct: 1,0±0,4 vs M-Fx:3,5±0,4, p<0,01; F-Ct: 1,9±0,4 vs F-Fx:9,3±0,1, p<0,01). Os resultados mostram que a fluoxetina na lactação modula a bioenergética mitocondrial e o balanço oxidativo de uma maneira sexo dependente. Entretanto, apesar de observarmos uma melhora na bioenergética mitocondrial em machos tratados com fluoxetina, no balanço oxidativo as fêmeas avaliadas apresentaram melhor resultados devido a proteção do estrogênio.