Organização do trabalho e mobilização subjetiva: entre o prescrito e o real do trabalho dos assistentes em administração de uma IFES
O estudo propôs investigar as causas do sofrimento do servidor público que, mesmo diante de situações precárias no ambiente laboral, se mantêm em estado de normalidade. Outros objetivos foram analisar a relação entre a organização do trabalho e a saúde mental dos servidores Técnicos Administrativos...
Main Author: | BRANDÃO, Julius Christie de Araújo |
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Other Authors: | MARQUES, Denílson Bezerra |
Format: | masterThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2019
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32004 |
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Summary: |
O estudo propôs investigar as causas do sofrimento do servidor público que, mesmo diante de situações precárias no ambiente laboral, se mantêm em estado de normalidade. Outros objetivos foram analisar a relação entre a organização do trabalho e a saúde mental dos servidores Técnicos Administrativos em Educação, ocupantes do cargo de assistente em administração, e investigar o processo de mobilização subjetiva diante da discrepância entre o trabalho prescrito e o trabalho real desenvolvido por estes servidores. Para isso, foi utilizada a abordagem teórica da Psicodinâmica do Trabalho, que subsidia possibilidades de compreender o vazio acadêmico para entender as relações entre trabalho e saúde mental. É pressuposto desta investigação que o engajamento do servidor na construção e evolução da organização do trabalho contribui para evitar o desenvolvimento do sofrimento e aflorar prazer na vida laboral. Para coleta de dados, foram utilizadas, como instrumento, uma entrevista semiestruturada e a observação. O local de estudo foi uma Pró Reitoria Administrativa de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES). Os dados coletados foram analisados por meio da abordagem elaborada por Mattos (2005), com base na análise pragmática da linguagem. Para isso, foram analisadas as características do contexto da organização do trabalho e sua influência nas vivências de sofrimento, levando em consideração a reestruturação produtiva e a acumulação flexível do capital relacionada às características da pósmodernidade. Em seguida, foi analisada a discrepância entre o trabalho prescrito e o trabalho real e sua influência na saúde mental dos servidores para identificar e analisar os elementos da mobilização subjetiva dos trabalhadores e como esses elementos influenciaram as vivências prazerosas no ambiente laboral. Observamos que a reforma gerencialista surgiu como influência para as diversas formas de gestão com uma orientação cada vez mais voltada para as tarefas e menos para as pessoas, precarizando o trabalho. Os elementos da organização do trabalho que atuaram como forças desencadeadoras de sentimentos ruins em relação às vivências no ambiente laboral e que se destacaram nas falas dos servidores foram: a influência política, a ausência de autonomia e a interdependência na execução da tarefa; o significado da tarefa; a sobrecarga de trabalho; e o uso das tecnologias da informação e comunicação. Nas lacunas entre o prescrito e o real do trabalho foram constatadas contradições, conflitos, incoerências e inconsistências do trabalho, chamados de constrangimentos que impuseram dificuldades aos trabalhadores. Entretanto, foram evidentes situações agradáveis em decorrência das prescrições do trabalho, como maior autonomia dos servidores e diminuição das influências externas na execução do trabalho. Entre os elementos da mobilização subjetiva identificados e analisados estão o reconhecimento; a cooperação e o espaço de discussão; e a inteligência prática. Evidenciou-se que os servidores vivenciaram situações de sofrimento relacionadas à organização do trabalho, entretanto, se utilizaram dos elementos da mobilização subjetiva para transformar e adaptar as prescrições do trabalho, o que favoreceu vivências prazerosas que harmonizaram o ambiente laboral. Concluímos que os setores estudados dessa Pró-Reitoria Administrativa demonstraram estar vivenciando uma intensa e perceptível transformação em sua organização do trabalho em decorrência do aperfeiçoamento das atribuições, gerando conflitos e precarizando as relações de poder que influenciaram a subjetividade dos servidores. |
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