Origem e degradação da matéria orgânica em um estuário tropical eutrofizado
Estuários urbanos recebem aportes de matéria orgânica (MO) de fontes antrópicas como esgoto doméstico e hidrocarbonetos derivados de petróleo. Nesses estuários, uma condição de eutrofia (i.e, elevada produção primária aquática) frequentemente é observada. O objetivo do presente trabalho foi avaliar...
Main Author: | COSTA, Bruno Varella Motta da |
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Other Authors: | YOGUI, Gilvan Takeshi |
Format: | doctoralThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2019
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33456 |
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Summary: |
Estuários urbanos recebem aportes de matéria orgânica (MO) de fontes antrópicas como esgoto doméstico e hidrocarbonetos derivados de petróleo. Nesses estuários, uma condição de eutrofia (i.e, elevada produção primária aquática) frequentemente é observada. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a origem da MO particulada (MOP) e sedimentar (MOS) em um estuário urbano localizado na cidade de Recife (nordeste do Brasil). A área de estudo foi o Sistema Estuarino do Rio Capibaribe (SERC), cuja bacia hidrográfica é delimitada pela malha urbana e por pequenos fragmentos de matas. Marcadores bioquímicos (clorofila), elementares [razão (C:N)ₐ], isotópicos (δ¹⁵N e δ¹³C) e moleculares (hidrocarbonetos alifáticos) foram utilizados para investigar a origem da MO. O modelo de mistura SIAR foi utilizado para quantificar a contribuição das fontes após determinação de suas assinaturas isotópicas. Três campanhas de amostragem foram conduzidas durante o período seco (setembro-fevereiro), que é o período de maior produtividade primária planctônica local. A primeira campanha (setembro/outubro de 2013) avaliou a origem da MOP durante ciclos completos de maré de quadratura e sizígia. Amostras (n = 72) da MOP superficial e de fundo foram coletadas no médio e baixo estuário do SERC. Na porção média, uma condição eutrófica e de hipoxia foi predominante ao longo dos ciclos de maré. Nessa região, o modelo de mistura indicou que a MOP foi predominantemente (> 90%) oriunda do fitoplâncton, refletindo a fertilização do estuário pelo aporte de esgoto. Na porção inferior, uma condição eutrófica e de hipoxia foi observada em curtos períodos dos ciclos de maré. Nessa região, a MOP superficial foi predominantemente (94%) oriunda do fitoplâncton. Em contraste, detritos predominaram na MOP de fundo. Um gradiente de variação longitudinal das assinaturas isotópicas da MOP foi observado no SERC. Isso reflete a utilização pelo fitoplâncton de fontes de carbono e nitrogênio com assinaturas isotópicas distintas. A segunda campanha (dezembro/2014) avaliou a origem da MOS no sublitoral da porção inferior do SERC. Amostras (n = 13) foram coletadas e peneiradas para separação das frações areia (≥ 63 µm) e lama (< 63 µm) do sedimento. A MOS foi predominantemente composta de MO proveniente do fitoplâncton (43%), esgoto doméstico (33%) e plantas superiores (24%). As frações do sedimento concentraram MO de origens diferentes, com predominância de detritos de plantas superiores na fração areia. Em contraste, a fração lama concentrou MO proveniente de algas, bactérias e esgoto doméstico. A fração lama registrou acuradamente a contaminação petrogênica da área de estudo. Isso indica que a dispersão de hidrocarbonetos de origem petrogênica está predominantemente associada às partículas finas em suspensão. A terceira campanha (novembro/2016-fevereiro/2017) avaliou a contribuição do microfitobentos para composição da MOS na zona intermareal do baixo estuário. Amostras da MOS superficial foram semanalmente coletadas ao longo de 70 dias. A MOS foi predominantemente composta de MO proveniente do fitoplâncton (56%), plantas superiores (21%) e esgoto doméstico (16%). Os produtores bentônicos tiveram contribuição reduzida (7%), porém observou-se uma variação temporal na biomassa dessa fonte de MO. O microfitobentos regulou a variação na concentração de n-alcanos especificamente sintetizados por produtores bentônicos (n-C₁₇). |
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