Avaliação da ecotoxicidade em organismos aquáticos de dois larvicidas para controle do Aedes Aegypti : Dodecanol (natural) × Piriproxifeno (sintético)

O controle de pragas da agricultura e insetos vetores de doenças tem sido um constante desafio, devido principalmente à resistência desenvolvida pelos mesmos aos pesticidas utilizados e à preocupação com a segurança a saúde humana e ambiental. O controle da proliferação do Aedes aegypti no Brasil te...

Full description

Main Author: MOURA, Jéssica Alessandra da Silva
Other Authors: SANTOS, Lilia Pereira de Souza
Format: masterThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2020
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/36144
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Summary: O controle de pragas da agricultura e insetos vetores de doenças tem sido um constante desafio, devido principalmente à resistência desenvolvida pelos mesmos aos pesticidas utilizados e à preocupação com a segurança a saúde humana e ambiental. O controle da proliferação do Aedes aegypti no Brasil tem sido feito por um larvicida que utiliza o piriproxifeno (PPF) como princípio ativo. O piriproxifeno é um análogo ao hormônio juvenil, que inibe o desenvolvimento da larva de insetos até a fase adulta, atuando como desregulador endócrino. Porém, estudos apontam que o PPF pode atingir de maneira indesejada outros organismos. Foi realizado um levantamento bibliográfico de toxicidade aguda e crônica do PPF em organismos aquáticos não-alvo, além de contaminação em matrizes ambientais. Apesar de poucos estudos desenvolvidos, os resultados mostraram que concentrações ambientais de PPF podem afetar significativamente Daphnia magna apresentando alto risco a essa espécie, com prováveis efeitos na reprodução e risco de morte ocasional. Outras espécies que apresentaram efeitos significativos ao PPF foi um peixe dulcícola (Xiphophorus maculatus) e crustáceos estuarinos (Eurytemora affinis e Leander tenuicornis). A busca por substâncias com efeito larvicida que sejam mais efetivas e seguras deve ser constante. Nesse contexto, o dodecanol é uma substância natural, presente em alguns extratos vegetais, com eficiência contra larvas de A. aegypti. Apesar de natural, o dodecanol é considerado nocivo a organismos aquáticos devido ao elevado fator de hidrofobicidade, sugerindo afinidade por moléculas orgânicas e possibilidade de bioacumulação. Por esse motivo, a toxicidade sub-letal deste composto foi testada no desenvolvimento do copépodo marinho Tisbe biminiensis, da fase de náuplio para copepodito. O experimento foi replicado 4 vezes com diferentes proles sob exposição estática e um teste adicional com renovação diária dos meios de exposição. A partir dos percentuais de desenvolvimento foram estimados os valores de CENO (concentração de efeito não observado), CEO (concentração de efeito observado) e CE50 (concentração efetiva a 50%): 10,66, 15,99 e 26,65 mg L⁻¹, respectivamente. Os valores tóxicos do docecanol ao desenvolvimento de T. biminiensis estão na mesma ordem de grandeza que os valores efetivos para controle do A. aegypti, enquanto o piriproxifeno apresenta alta toxicidade para D. magna e X. maculatus em concentrações em ordem de grandeza inferior à concentração efetiva para tratamento larvicida. Foi sugerido um novo índice para avaliar a periculosidade química de substâncias em ecossistemas aquáticos, com base na relação dos fatores físico-químicos do composto avaliado com uma substância de referência de baixa toxicidade. O índice sugere menor periculosidade do dodecanol em comparação com outros pesticidas testados. Visando aprimorar a avaliação de risco, sugerimos maior levantamento da contaminação em matrizes ambientais e estudos toxicológicos em organismos aquáticos não-alvo abrangendo diversos táxons para ambas as substâncias abordadas.