A construção do morto indigente no Instituto Médico Legal de Pernambuco : "afinal de contas de quem se trata?"
Esta tese tem como objetivo investigar a constituição de mortos indigentes no IMLAPC Recife e como essa constituição se inscreve como dispositivo necropolítico. Buscou analisar os lugares, práticas, atores e argumentos que compõem a produção da noção de mortos indigentes; e, investigar de quem são o...
Main Author: | NASCIMENTO, Rebeca Ramany Santos |
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Other Authors: | CORDEIRO, Rosineide de Lourdes Meira |
Format: | doctoralThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2020
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/36808 |
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ir-123456789-368082020-03-05T05:19:16Z A construção do morto indigente no Instituto Médico Legal de Pernambuco : "afinal de contas de quem se trata?" NASCIMENTO, Rebeca Ramany Santos CORDEIRO, Rosineide de Lourdes Meira http://lattes.cnpq.br/4510265550723445 http://lattes.cnpq.br/6347300386755274 Psicologia Medicina legal Morte Indigência Necropolítica Biopoder Esta tese tem como objetivo investigar a constituição de mortos indigentes no IMLAPC Recife e como essa constituição se inscreve como dispositivo necropolítico. Buscou analisar os lugares, práticas, atores e argumentos que compõem a produção da noção de mortos indigentes; e, investigar de quem são os corpos classificados como indigentes. Está embasada teoricamente na noção de necropolítica, lançada por Achille Mbembe. Para entender essa noção, foram utilizadas as ideias de biopoder e biopolítica, trabalhadas por Michel Foucault. Como estratégia metodológica, foi utilizada pesquisa documental nos arquivos do IMLAPC PE e observação. De modo geral, no IML, os corpos de identidade desconhecida podem ser homens e mulheres baleados, atropelados, carbonizado, suicidas, encontrados em forma de ossada, cujos corpos não são identificados; e, corpos identificados, mas que não houve o comparecimento dos seus familiares no IML para proceder com os trâmites de liberação. Os resultados apontam que existe uma matriz central que enlaça a constituição do morto indigente, a raça: são corpos negros. A partir dos laudos produzidos no IMLAPC sobre os corpos não identificados, foi observado que a classificação de um morto como indigente funciona como um dispositivo que aciona uma série de atores, instituições, saberes científicos e práticas, como estratégia necropolítica para promover mortes sociais e físicas. Conclui se que a constituição do morto indigente é resultado de uma série de violações promovidas ainda quando esses mortos eram vivos: situação de pobreza, fragilidade dos vínculos familiares e comunitários, perda do status de cidadão frente à ausência de documentação civil, e vulnerabilidades decorrentes do racismo estrutural, sobretudo quando os dados estatísticos e os estudos apontam que a população negra está exposta a uma série de violências. CAPES This thesis aims to investigate the constitution of indigent deaths in IMLAPC-Recife and how this constitution is inscribed as a necropolitan device. It sought to analyze the places, practices, actors and arguments that make up the production of the notion of indigent deaths; and, investigate whose bodies are classified as indigent. It is based theoretically on the notion of necropolítica, launched by Achille Mbembe. To understand this notion, the ideas of biopower and biopolitics, worked by Michel Foucault, were used. As a methodological strategy, documentary research was used in the IMLAPC PE archives and observation. Generally, in the IML, the indigent dead can be men and women shot, trampled, charred, suicidal, found in bone form, whose bodies are not identified; and bodies identified, but that their family members did not attend the IML to proceed with the release proceedings. The results indicate that there is a central matrix that links the constitution of the indigent dead, the race: they are black bodies. From the reports produced in the IMLAPC on the unidentified bodies, it was observed that the classification of a dead as indigent works as a device that triggers a series of actors, institutions, scientific knowledge and practices, as a necropolitical strategy to promote social and physical deaths. It is concluded that the constitution of the indigent dead is the result of a series of violations promoted even when these dead were alive: poverty, fragility of family and community ties, loss of citizenship status in the absence of civil documentation, and resulting vulnerabilities of structural racism, especially when statistical data and studies indicate that the black population is exposed to a series of violence. 2020-03-04T21:36:23Z 2020-03-04T21:36:23Z 2019-05-31 doctoralThesis NASCIMENTO, Rebeca Ramany Santos. A construção do morto indigente no Instituto Médico Legal de Pernambuco: "afinal de contas de quem se trata?". 2019. Tese (Doutorado em Psicologia) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/36808 por openAccess Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ application/pdf Universidade Federal de Pernambuco UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Psicologia |
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Psicologia Medicina legal Morte Indigência Necropolítica Biopoder |
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Esta tese tem como objetivo investigar a constituição de mortos indigentes no IMLAPC Recife e como essa constituição se inscreve como dispositivo necropolítico. Buscou analisar os lugares, práticas, atores e argumentos que compõem a produção da noção de mortos indigentes; e, investigar de quem são os corpos classificados como indigentes. Está embasada teoricamente na noção de necropolítica, lançada por Achille Mbembe. Para entender essa noção, foram utilizadas as ideias de biopoder e biopolítica, trabalhadas por Michel Foucault. Como estratégia metodológica, foi utilizada pesquisa documental nos arquivos do IMLAPC PE e observação. De modo geral, no IML, os corpos de identidade desconhecida podem ser homens e mulheres baleados, atropelados, carbonizado, suicidas, encontrados em forma de ossada, cujos corpos não são identificados; e, corpos identificados, mas que não houve o comparecimento dos seus familiares no IML para proceder com os trâmites de liberação. Os resultados apontam que existe uma matriz central que enlaça a constituição do morto indigente, a raça: são corpos negros. A partir dos laudos produzidos no IMLAPC sobre os corpos não identificados, foi observado que a classificação de um morto como indigente funciona como um dispositivo que aciona uma série de atores, instituições, saberes científicos e práticas, como estratégia necropolítica para promover mortes sociais e físicas. Conclui se que a constituição do morto indigente é resultado de uma série de violações promovidas ainda quando esses mortos eram vivos: situação de pobreza, fragilidade dos vínculos familiares e comunitários, perda do status de cidadão frente à ausência de documentação civil, e vulnerabilidades decorrentes do racismo estrutural, sobretudo quando os dados estatísticos e os estudos apontam que a população negra está exposta a uma série de violências. |
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