A loucura e a serpente : a lógica social do espaço dos Centros de Atenção Psicossocial da Cidade do Recife
O presente trabalho discute os espaços da loucura à luz da reforma psiquiátrica brasileira (2001) e a partir da arquitetura dos edifícios constitutivos desse processo. Tem como interesse o estudo do dispositivo estratégico da reforma, que recebe o atributo de lugar social pelo Ministério da Saúde: o...
Main Author: | FREIRE, Vera Christine Cavalcanti |
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Other Authors: | NASCIMENTO, Cristiano Felipe Borba do |
Format: | masterThesis |
Language: | por |
Published: |
Universidade Federal de Pernambuco
2020
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Subjects: | |
Online Access: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37680 |
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ir-123456789-376802020-08-18T05:10:20Z A loucura e a serpente : a lógica social do espaço dos Centros de Atenção Psicossocial da Cidade do Recife FREIRE, Vera Christine Cavalcanti NASCIMENTO, Cristiano Felipe Borba do http://lattes.cnpq.br/5868272307001269 http://lattes.cnpq.br/6071847523367230 Arquitetura Reforma psiquiátrica CAPS Lógica social do espaço O presente trabalho discute os espaços da loucura à luz da reforma psiquiátrica brasileira (2001) e a partir da arquitetura dos edifícios constitutivos desse processo. Tem como interesse o estudo do dispositivo estratégico da reforma, que recebe o atributo de lugar social pelo Ministério da Saúde: os centros de atenção psicossocial (CAPS). Baseada no modelo italiano de desinstitucionalização, como resposta à mobilização de profissionais da saúde e da sociedade civil, associada às limitações financeiras do Estado, a reforma se pauta em práticas totalmente diferentes das aplicadas nos hospitais psiquiátricos (pré-reforma) e estabelece novas “regras” sociais e espacialidades. Nos primeiros quinze anos da reforma, de forma geral, os CAPS foram instalados em imóveis originalmente residenciais (o espaço doméstico) como negação ao modelo espacial hospitalocêntrico (o espaço institucional manicomial). Funcionando como uma condição intermediária entre os dois modelos e, supostamente, negando o padrão espacial de exclusão, analisam-se, empiricamente, três CAPS inaugurados em 2002 que se situam na cidade do Recife-PE. A pesquisa investiga, à luz da Teoria da Lógica Social do Espaço, a identidade desses CAPS. Os resultados indicam uma mutação da sua organização espacial e de sua estrutura social, revelando as propriedades do padrão doméstico, mas com certo grau de institucionalidade. Eis o espaço híbrido: o doméstico-institucional. Tal identidade, portanto, merece desenvolvimento em estudos futuros, de modo a aprofundar a compreensão sobre os resultados e as consequências observadas da arquitetura desse espaço que não se pretende institucional. Devido à relação entre práticas sociais e o ambiente edificado, quaisquer incompletudes nos processos e nos hábitos institucionais terão notável repercussão na dimensão espacial, assim como a recíproca também será verdadeira. Retoma-se a fábula utilizada por Basaglia para metaforizar a presença institucional (a serpente) na sociedade (o homem). Mesmo em meio às novas regras e espacialidades... a serpente se encontra presente. CNPq The present work discusses spaces of madness based on the psychiatric Brazilian reform (2001) and the architecture of the buildings that constitute this process. Its interest is the study of the strategic dispositive of reform that receives the attribute of social place by the ministry of health: the centers of psychosocial attention (CAPS in Portuguese). Based on the Italian model of deinstitutionalization, in response to the mobilization of health professionals and the civil society, associated to state financial limitations, the reform is based on practices completely different from those applied in psychiatric hospitals (pre-reform) and stablishes new social “rules” and spatialities. At the first fifteen years of reform, in general, CAPS were installed in former residential estates (domestic space) denying the hospital centric spatial model (the maniacal institutional space). Performing in an intermediary condition between the two models and, supposedly, denying the standard spatial pattern of exclusion, three CAPS situated in the city of Recife (PE), which opened in 2002, are empirically analyzed. The research investigates the identity of these CAPS in light of the Theory of Social Logic of Space. The results indicate a mutation of its spatial organization and social structure, revealing domestic pattern properties, but with certain degree of institutionality. Hence the hybrid space: the domestic-institutional. Such identity, therefore, deserves to be further developed in future studies, to deepen the understanding of results and consequences observed in the architecture of this space intended to be not institutional, and of the Recifense house in itself. Because of the relation between social practices and the built environment, any incompleteness of the institutional processes and habits will have notable repercussion in the spatial dimension, and the reciprocal will also be true. The fable used by Basaglia is reconsidered to create a metaphor of the institutional presence (the snake) in the society (the man). Even in the midst of new rules and spatialities… the snake is present. 2020-08-17T19:16:06Z 2020-08-17T19:16:06Z 2019-03-15 masterThesis FREIRE, Vera Christine Cavalcanti. A loucura e a serpente: a lógica social do espaço dos Centros de Atenção Psicossocial da Cidade do Recife. 2019. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37680 por openAccess Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ application/pdf Universidade Federal de Pernambuco UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Desenvolvimento Urbano |
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O presente trabalho discute os espaços da loucura à luz da reforma psiquiátrica brasileira (2001) e a partir da arquitetura dos edifícios constitutivos desse processo. Tem como interesse o estudo do dispositivo estratégico da reforma, que recebe o atributo de lugar social pelo Ministério da Saúde: os centros de atenção psicossocial (CAPS). Baseada no modelo italiano de desinstitucionalização, como resposta à mobilização de profissionais da saúde e da sociedade civil, associada às limitações financeiras do Estado, a reforma se pauta em práticas totalmente diferentes das aplicadas nos hospitais psiquiátricos (pré-reforma) e estabelece novas “regras” sociais e espacialidades. Nos primeiros quinze anos da reforma, de forma geral, os CAPS foram instalados em imóveis originalmente residenciais (o espaço doméstico) como negação ao modelo espacial hospitalocêntrico (o espaço institucional manicomial). Funcionando como uma condição intermediária entre os dois modelos e, supostamente, negando o padrão espacial de exclusão, analisam-se, empiricamente, três CAPS inaugurados em 2002 que se situam na cidade do Recife-PE. A pesquisa investiga, à luz da Teoria da Lógica Social do Espaço, a identidade desses CAPS. Os resultados indicam uma mutação da sua organização espacial e de sua estrutura social, revelando as propriedades do padrão doméstico, mas com certo grau de institucionalidade. Eis o espaço híbrido: o doméstico-institucional. Tal identidade, portanto, merece desenvolvimento em estudos futuros, de modo a aprofundar a compreensão sobre os resultados e as consequências observadas da arquitetura desse espaço que não se pretende institucional. Devido à relação entre práticas sociais e o ambiente edificado, quaisquer incompletudes nos processos e nos hábitos institucionais terão notável repercussão na dimensão espacial, assim como a recíproca também será verdadeira. Retoma-se a fábula utilizada por Basaglia para metaforizar a presença institucional (a serpente) na sociedade (o homem). Mesmo em meio às novas regras e espacialidades... a serpente se encontra presente. |
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