O fio das missangas : contos / Mia Couto.
¿A vida é um colar. Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas. São sempre tantas as missangas.¿ É assim que o donjuanesco personagem do conto ¿O fio e as missangas¿ define a sua existência. Fazendo jus a essa delicada metáfora, cada uma das 29 histórias aqui agrupadas alia sua carga poética singula...
Main Author: | Couto, Mia, 1955 |
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Format: | Online |
Published: |
São Paulo, SP: Companhia das Letras,
2009
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Online Access: |
https://consultaredebie.decex.eb.mil.br/pergamum/biblioteca/index.php?codAcervo=389620 |
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ir-perga-oai-3896202019-03-07T15:13:09Z O fio das missangas : contos / Mia Couto. Couto, Mia, 1955 869.3 22 Literatura moçambicana Contos Contos moçambicanos ¿A vida é um colar. Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas. São sempre tantas as missangas.¿ É assim que o donjuanesco personagem do conto ¿O fio e as missangas¿ define a sua existência. Fazendo jus a essa delicada metáfora, cada uma das 29 histórias aqui agrupadas alia sua carga poética singular à forma abrangente do livro como um todo ¿ vale dizer, ao colar em questão. Com um texto de intensidade ficcional e condensação formal raras na literatura contemporânea, Mia Couto demora-se em lirismos que a sua maestria de ourives da língua consegue extrair de uma escrita simples, calcada em grande parte na fala do homem da sua terra, Moçambique, um pouco à maneira de Guimarães Rosa, ídolo confesso do autor. A brevidade das pequenas tramas e sua aparente desimportância épica estão focadas na contemplação de situações, de personagens, ou de simples estados de espírito plenos de significados implícitos, procedimento típico da poesia. Os neologismos do autor, a que os leitores já se habituaram, para além de mera experimentação formalista revelam-se chaves fundamentais de interpretação da leitura. Não por acaso, a maioria dos contos de 'O fio das missangas' adentram com fina sensibilidade o universo feminino, dando voz e tessitura a almas condenadas à não-existência, ao esquecimento. Como objetos descartados, uma vez esgotado seu valor de uso, as mulheres são aqui equiparadas ora a uma saia velha, ora a um cesto de comida, ora, justamente, a um fio de missangas. ¿Agora, estou sentada olhando a saia rodada, a saia amarfanhosa, almarrotada. E parece que me sento sobre a minha própria vida¿, diz a narradora de uma dessas belíssimas ¿missangas¿ literárias. A biblioteca do CMPA possui a 11ª reimpressão de 2015 São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2009. https://consultaredebie.decex.eb.mil.br/pergamum/biblioteca/index.php?codAcervo=389620 |
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¿A vida é um colar. Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas. São sempre tantas as missangas.¿ É assim que o donjuanesco personagem do conto ¿O fio e as missangas¿ define a sua existência. Fazendo jus a essa delicada metáfora, cada uma das 29 histórias aqui agrupadas alia sua carga poética singular à forma abrangente do livro como um todo ¿ vale dizer, ao colar em questão. Com um texto de intensidade ficcional e condensação formal raras na literatura contemporânea, Mia Couto demora-se em lirismos que a sua maestria de ourives da língua consegue extrair de uma escrita simples, calcada em grande parte na fala do homem da sua terra, Moçambique, um pouco à maneira de Guimarães Rosa, ídolo confesso do autor.
A brevidade das pequenas tramas e sua aparente desimportância épica estão focadas na contemplação de situações, de personagens, ou de simples estados de espírito plenos de significados implícitos, procedimento típico da poesia. Os neologismos do autor, a que os leitores já se habituaram, para além de mera experimentação formalista revelam-se chaves fundamentais de interpretação da leitura. Não por acaso, a maioria dos contos de 'O fio das missangas' adentram com fina sensibilidade o universo feminino, dando voz e tessitura a almas condenadas à não-existência, ao esquecimento. Como objetos descartados, uma vez esgotado seu valor de uso, as mulheres são aqui equiparadas ora a uma saia velha, ora a um cesto de comida, ora, justamente, a um fio de missangas. ¿Agora, estou sentada olhando a saia rodada, a saia amarfanhosa, almarrotada. E parece que me sento sobre a minha própria vida¿, diz a narradora de uma dessas belíssimas ¿missangas¿ literárias. |
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