"O gênero na vitrine": sentidos do consumo estético e a produção de subjetividades de mulheres trans

O consumo se apresenta como uma poderosa tecnologia contemporânea de produção de subjetividades, uma vez que coordena hábitos, práticas e cria novos modos de pensar, sentir e ser no mundo, gerando modos de regulação e controle que tornem as pessoas aptas para cada vez mais consumir. O consumo estéti...

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Main Author: SILVA, Roberta Alves dos Santos
Other Authors: VIEIRA, Luciana Leila Fontes
Format: masterThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2018
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28122
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Summary: O consumo se apresenta como uma poderosa tecnologia contemporânea de produção de subjetividades, uma vez que coordena hábitos, práticas e cria novos modos de pensar, sentir e ser no mundo, gerando modos de regulação e controle que tornem as pessoas aptas para cada vez mais consumir. O consumo estético, por sua vez, atua sobre os corpos produzindo normativas sobre os gêneros, na qual a força de regulação recai mais fortemente sobre a mulher. Mulheres trans comumente adotam uma série de intervenções e produções corporais e estéticas que fazem parte do processo transexualizador. Este trabalho se propôs a compreender os sentidos do consumo estético e seus efeitos na produção das subjetividades de mulheres trans. O estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa de cunho interventivo fundamentada nos campos dos estudos do consumo, foucaultianos e Teoria queer. Foram realizados grupos focais temáticos, a técnica de construção com apresentação de imagens e aplicação de questionário sociodemográfico. Os dados foram analisados a partir da analítica de discurso de inspiração foucaultiana. Verificou-se que o consumo estético por mulheres trans tem motivações diversas e assume várias funções, move-se principalmente pelo olhar do outro que se coloca como vigilante do dever moral de consumir e de ser bela; o consumo estético permite a ocultação da transexualidade em prol de uma melhor enquadre nas normativas binária de gênero, sendo a aquisição de passabilidade um fim relevante. Envolve-se também na função de alcance de uma feminilidade idealizada, ao passo que se afasta de modelos de feminilidades indesejados e marginalizados; as normatizações em torno de modelos de padrões estéticos também surgem como parâmetros importantes para o consumo e produções corporais e estéticas que implicam em melhor enquadre nos códigos culturais, levando à negociação de respeito e aceitação. Diante disso, torna-se premente a construção de estratégias que favoreçam uma aproximação dialógica entre o discurso ético-político queere os âmbitos dapublicidade, das produções artísticas e da moda, possibilitando o engendramento de discursos estéticos menos opressivos e excludentes. Além de ações a nível micropolítico, como aprofundamento e extensão das discussões a respeito do consumo estético e produções corporais aliando-as ao diálogo com perspectivas feministas e emancipatórias voltadas às mulheres trans.