Relação entre parâmetros clínicos, histopatológicos e variantes de risco do APOL1 e evolução da doença renal crônica em pacientes com nefrite lúpica

A nefrite lúpica (NL) pode afetar até 70% dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) a depender de sexo, idade de aparecimento e raça. Afro-americanos, hispânicos e asiáticos têm maior risco para desenvolver lesão renal do que os caucasianos. Além de fatores socioeconômicos, a genética tem...

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Main Author: FERNANDES, Gisele Vajgel
Other Authors: SANDRIN-GARCIA, Paula
Format: doctoralThesis
Language: por
Published: Universidade Federal de Pernambuco 2020
Subjects:
Online Access: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37635
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Summary: A nefrite lúpica (NL) pode afetar até 70% dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) a depender de sexo, idade de aparecimento e raça. Afro-americanos, hispânicos e asiáticos têm maior risco para desenvolver lesão renal do que os caucasianos. Além de fatores socioeconômicos, a genética tem papel fundamental neste processo. O gene da apolipoproteína L1 (APOL1) possui dois alelos de risco renal (ARR) G1 e G2 que estão associados com doença renal crônica (DRC) estágio 5 em negros com NL. O presente estudo teve como objetivo a análise de fatores de risco clínicos, demográficos, histológicos e genéticos (alelos de risco da APOL1 [G1 e G2]) em uma coorte brasileira de 280 pacientes com NL para avaliar a associação com desfechos renais. Nossos resultados mostraram que a raça auto-declarada pelo paciente não foi um fator importante para diferenciar desfecho renal final. No entanto, a analise de regressão logística ajustada mostraram que biópsia renal inicial com NL classe IV (odds ratio [OR] 14.91; intervalo de confiança 95% [IC 95%] 1.77–125.99; p=0.01), fibrose intersticial ≥ 25% (OR 5.87; 95% IC 95%1.32–26.16; p = 0.02) ausência de resposta completa ou parcial inicial após 12 meses do tratamento de indução (OR 16.3; IC 95%3.74–71.43; p<0.001) e presença de recidivas após resposta (OR 4.49; IC 95%1.10–18.44; p=0.04) foram correlacionados com doença renal crônica estágio ≥ 4 (TFGe sustentada < 30 mL/min/1,73m²). Na curva de sobrevida de Kaplan-Meier também observamos que NL classe IV e fibrose intersticial ≥ 25% forma associados a evolução para DRC estágio 5 (razão de risco [RR] 2.96; IC 95%1.3–7.0; p=0.036 and RR 4.96; IC 95% 1.9–12.9; p<0.0001, respectivamente. Dois polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) no G1 (rs73885319; rs60910145) e um indel para a variante G2 (rs71785313) foram genotipados em 201 pacientes não-brancos com NL e em 222 indivíduos saudáveis não-brancos (controles). A frequência dos alelos de risco da APOL1 em brasileiros não-brancos com NL não diferiu significativamente de controles saudáveis e quatro pacientes com NL tiveram 2 ARR (0,4% e 2%, respectivamente). No entanto, casos de NL com uma ou mais variantes da APOL1 tiveram características basais, mas apresentaram maior risco de DRC progressiva com TFGe < 30 ml/min/1,73m² em comparação àqueles com 0 ARR (11,1% com 0; 29,6% com 1; 50% com 2 ARR, p=0,005). Embora as lesões glomerulares e os escores de atividade na biópsia renal inicial não tenham diferido significativamente entre os indivíduos com base no genótipo APOL1, os escores de cronicidade, atrofia tubular e fibrose intersticial foram mais graves naqueles com ≥ 1 ARR (p=0,002, p=0.018 e p=0.011, respectivamente). Portanto, apesar das características iniciais e as respostas ao tratamento terem sido semelhantes, um único ARR APOL1 em brasileiros não brancos com NL foi associado a maior dano túbulo-intersticial crônico na biópsia inicial e ao aumento do risco de DRC avançada no longo prazo.